segunda-feira, 19 de abril de 2010
A MÃO E A LUVA
"
-Mas que pretendes fazer agora?
-Morrer.
-Morrer?Que ideia!Deixa-te disso, Estevão.Não se morre por tão pouco.
-Morre-se. QUem nao padece estas dores não se pode avaliar.O golpe foi profundo, e meu coração é pusilânime, por mais aborrecivél que pareça a ideia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! tu nao sabes o que é isso?
-Sei: Namoro gorado...
-Luís!
-..E se em cada caso de namoro gorado morresse um homem, tinha já diminuido muito o gênero humano, e Malthus perderia o latim. Anda, sobe.
(...)
Sei que tudo deve parecer-te ridículo, disse ele finalmente a Luis Alves.Mas eu creio que era amado e agora nao compreendo. Ou o que eu supunha ser amor, não passava de passatempo ou zombaria...(...)
No dia seguinte, já os acontecimentos pareciam estar envoltos em um manto, o manto do passado.(...)Estevão tinha sua paixão já morta e enterrada."
*Recortes do livro A MÂO E A LUVA DE MACHADO DE ASSIS
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