quarta-feira, 21 de julho de 2010

Soneto

De repente do riso fez-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
e das bocas unidas fez-se espuma
e das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
que dos olhos desfez a ultima chama
e de paixão fez-se o pressentimento
e do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais do que de repente
fez-se de triste o que fez amante
e de sozinho o que se fez contente

fez-se do amigo próximo o distante
fez-se da vida uma aventura errante
de repente, não mais que de repente.

(Vinicius de Moraes)

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